o viajante entreabriu a porta. a pouca luz que entrou
contornou lentamente os objetos permitindo-lhe vislumbrar um pequeno banco em
frente ao crepitar de umas chamas já fracas.
[não necessito de mais.]
abriu a porta apenas o suficiente para que corpo cansado
passasse.
respirou o silêncio.
da bolsa tirou o pedaço de pão, as azeitonas e uma pequena
navalha que lhe fora dada pelo pai no dia em que partira.
o cais de madeira onde pela madrugada, por entre a neblina
do rio e o gazear das garças, o
abraçara pela última vez, antes de embarcar, estava já longe.
[estaria ele bem?]
colocou um pedaço de pão à boca e de olhos postos nas chamas
deixou que também a mente se deixasse invadir pelo silêncio.
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